O ato de cuidar

Nesse cenário caótico atual, os indivíduos têm passado por vivências intensas e angustiantes, o que resulta em um número cada vez maior de pessoas em grande sofrimento psíquico. E, infelizmente, de um outro lado, nos serviços de saúde mental, encontramos distanciamento e uma falta de reflexão mais crítica em relação ao cuidado. É de suma importância ampliarmos a compreensão sobre as diferentes dimensões do cuidado prestado às pessoas em sofrimento psíquico. Precisamos cuidar na perspectiva do afeto, responsabilização, de acolhimento, de disponibilidade. É preciso olhar e ouvir, reconhecer o outro como um sujeito, e não como um objeto de intervenção. Devemos considerar a sua singularidade, sua dignidade, suas limitações e, principalmente, a sua potencialidade.

Por isso, faz-se urgente e necessário que no cotidiano dos serviços de saúde mental os espaços de reflexão se renovem com criatividade, espontaneidade e, ao mesmo tempo, possibilitem que as informações sejam compartilhadas, favorecendo a integralidade das ações. O cuidado tem que ser compreendido como uma ação integral e não apenas um procedimento técnico.

O ato de cuidar é ajudar os sujeitos envolvidos na relação a construírem estratégias que de fato contribuam para a melhoria da qualidade de vida e saúde. Quando falamos em “cuidar” em saúde mental, o conceito significa: ser capaz de acolher, dialogar, exercitar a capacidade crítica, transformar de forma criativa os modos de ver, sentir e pensar.

 
✍🏾. #AsMariasDaCasa
Contribuição de Denise Dourado
Psicóloga do corpo clínico da Casa de Marias