Qual é sua canção?

Recentemente li um conto africano que muito me impactou. Esse conto / poema me fez repensar e refletir sobre várias questões. A primeira delas foi sobre o cuidado: com o outro, conosco; cuidado que acolhe, cuidado que escuta, cuidado que transcende qualquer julgamento. O texto também fala sobre identidade, sobre comunidade, sobre a importância de termos um lugar para retornar quando nos perdermos no caminho. Sobre a importância de termos um lugar onde nos sentimos pertencentes.

Abaixo transcrevo o poema que tanto me afeta, mas antes, deixo uma reflexão: Qual é o lugar onde você se sinta pertencente? Oferecemos um espaço onde o outro se sinta pertencente? Qual é sua canção?

A canção dos Homens

Quando uma mulher, de certa tribo da África, sabe que esta grávida segue para a selva com outras mulheres e juntas rezam e meditam até que aparece a canção da criança.
Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe canta a sua canção.
Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe canta sua canção.
Quando se torna adulta, a gente se junta novamente e canta.
Quando chega o momento do seu casamento a pessoa escuta a sua canção.
Finalmente, quando sua alma esta para ir-se deste mundo, a família e amigos se aproximam–se e, igual como em seu nascimento, canta sua canção para acompanhá-lo na viagem.
Nesta tribo da África há outra ocasião na qual os homens cantam a canção .
Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou ato social aberrante, o levam até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor.
Então lhe canta a sua canção
A tribo reconhece que a correção para as condutas antissociais não é castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade .
Quando reconhecemos nossa própria canção já não temos desejos nem necessidade de prejudicar ninguém.
Teus amigos conhecem a tua canção e a cantam quando a esqueces.
Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes ou às escuras imagens que mostras ao demais.
Eles recordam tua beleza quando te sentes feio;
Tua totalidade quando estas quebrados tua inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estas confuso.

Poetisa: Tolba Phanen

✍🏾  #AsMariasDaCasa
Contribuição de Michele Maria,
psicóloga do nosso corpo clínico