Quais sons somos capazes de emitir?

“llamar e tocar la puerta”, é uma antiga expressão que significa “tocar o instrumento do nome para abrir uma porta”, ou “palavras que chamam à abrir portas” ou “usar palavras para obter abertura de passagens”. Numa tradução literal seria simplesmente “bater à porta”, “tocar a campainha”.

Para Clarissa Pinkola Estés, analista junguiana e cantadora, as palavras “mulher” e “selvagem” criam o “llamar o tocar a la puerta” à psique profunda da mulher. Segundo ela, não importa a cultura pela qual a mulher seja influenciada, ela compreende essas palavras intuitivamente.

Numa reflexão atrelada ao meu fazer com a musicoterapia para mulheres, entendo quando ela diz que essa compreensão da essência da mulher (a mulher selvagem) também pode chegar através dos sons e da música.

E tenho visto isso acontecer de inúmeras formas na minha prática.

O canto. O tambor. O assobio. O grito. O sussurro. O choro. A risada. O bocejo. A respiração. O pulso. A poesia. A melodia. O ritmo. A palavra. O movimento. A dança. As linhas. As formas. As cores. A arte.

Cada uma de nós tem em todas essas coisas o poder de re-conhecer do que é feita, e voltar ao seu “verdadeiro lar” (que é e sempre foi si mesma).

O “llamar o tocar a la puerta” de cada uma de nós, pode ser muitas coisas. Mas o chamado é sempre uma “batida”, um “toque”, um “golpear”. É sempre um som.

Esse som podemos escutar, mas também somos capazes de emitir.

Texto livremente inspirado no livro Mulheres que Correm Com Lobos, de Clarissa Pinkola Estés, e nas mulheres que percorrem caminhos recheados de sonoridades comigo ❤️

✍🏾 #AsMariasDaCasa
Contribuição de Kézia Paz,
musicoterapeuta do nosso corpo clínico