Por que sentimos Ansiedade?

Nós, mulheres negras crescemos e vivemos numa sociedade em que precisamos provar o quanto somos boas. Como não sentir ansiedade? Tarefa quase impossível, pois, constantemente provar o quanto somos boas e capacitadas ao trabalho, capazes de realizar uma faculdade seja lá em qual área.

Temos a condição de antecipar os possíveis erros sobre nossa trajetória. Como se estivéssemos que prevê nossos erros? Caímos na armadilha da ansiedade, o que seria uma pré-ocupação, se transforma em insônia, falta ou excesso de apetite, tensão e dores pelo corpo. Ou seja, o medo de errar torna o nosso companheiro, aliás, a solidão não é nossa opção. Precisamos mostrar o quanto somos capazes de ser amada e ter amor, não somente a “mina do rolê”.

Ansiedade é a antecipação do que poderíamos passar, é a nossa proteção para não nos machucarmos. Entretanto, questiono como viver inserida em uma sociedade racista e machista e não carregarmos em nossa bagagem esses pesos que, diga-se de passagem, não são nosso, deram para nós e, nós sem opção de escolher a pegamos.
Hoje, mesmo com toda marca e cansaço preciso dizer que não vamos mais aceitar o que não pertence a nós. Não podemos permitir viver em constante alerta de nossos corpos e formas de ser quem somos.

Esse estado de alerta constante é doentio, a ansiedade nos adoece aos poucos e nos aprisiona de quem somos, nosso modo de se manifestar seja pela dança, nossas crenças, cabelos, traçados de nossos rostos.

Temos o direito de viver o PRESENTE sem a antecipação exagerada que a ansiedade causa. Bem como o direito de sonhar, sem o medo afetar de modo determinante nossas ações.
Encerro esse texto com a letra de música “Asas” de Luedji Luna.

“Vento vem me trazer boas novas
Que sempre esperei ouvir
Vento vem me contar os segredos
De chuva, raio e trovão
Vento que me venta da cabeça aos pés
E eu me rendo
Vento que me leva onde quero ir
E onde não quero”.

Que possamos sentir o vento dentro e fora de nós e a possibilidade de viver!

✍🏾 #AsMariasDaCasa
Contribuição de Karina Theodoro,
psicóloga do nosso corpo clínico