Notas sobre o luto

Transcorrido mais de um ano de pandemia, é inegável que estejamos passando, direta ou indiretamente, por um grande luto. Somos conscientes de que cada um e cada uma de nós é apenas uma entre milhões de pessoas sofrendo, porém cada vivência trará um entendimento individual para as perdas. Mesmo que estejamos falando de um luto em família, cada um e cada uma, se expressará de maneira singular. Estar atento aos sentimentos e permitir-se sentir é importante para que traspassemos esse processo com o máximo de saúde possível.

Ao nos depararmos com uma perda em massa, como nesse momento da nossa história, é natural que essas experiencias desencadeiem sentimentos de angústia, raiva e até mesmo de uma profunda melancolia. Para me auxiliar a lidar com esse tema, tanto no consultório quanto na minha vida pessoal, sempre busquei os sentimentos de quem havia passado por algo similar. Livros, filmes e os grupos de acolhimento ao luto, me parecem uma forma incrível e profunda de vivenciar esse processo. Ouvir o relato do outro, escutar a si mesmo ao falar sobre nossas dores é capaz de gerar uma forte transformação. Nosso corpo e alma são formados por palavras e elas podem ser estruturantes e curativas.

Como ainda estamos muito restritos aos encontros virtuais, pensei em partilhar uma leitura que me provocou muito intensamente, no último mês.

Em seu novo livro “Notas sobre o luto”, Chimamanda Ngozi Adichie nos traz mais do que um relato sobre a morte. Ela nos brinda com memórias profundas e nos mostra a esperança dos que aqui permanecem. Escrito após a morte de seu pai – em junho de 2020, durante a pandemia de covid-19, “Notas sobre o luto” é um poderoso escrito sobre a dor da perda e um tratado sobre resiliência. Que as palavras de Chimmamanda encontrem pouso em seus corações e que possamos nos fortalecer nos encontros de alma que seus escritos nos possibilitam.

✍🏾. #AsMariasDaCasa
Contribuição de Luiza Guimarães,
psicóloga do nosso corpo clínico.