Falar é verbo

Os processos de silenciamento que mulheres pretas e periféricas sofrem ao longo de suas trajetórias de vida, afetam diretamente seus modos de expressão verbais e não verbais. 

Falar, enquanto expressão cotidiana dos seres humanos, para essas mulheres na maioria das vezes é uma tarefa árdua. E se o verbo, é um tipo de expressão negada para muitas de nós, as expressões corpóreas, musicais, são ainda mais. 

Tocar, cantar, dançar…são expressões genuinamente nossas, presentes na nossa ancestralidade, que pouco são exploradas. Principalmente pelas mulheres que lutam cotidianamente pela sua própria sobrevivência e a dos seus.  

Nesse sentido, promover espaços experienciais que possibilitem a relação com a própria voz, o próprio corpo em movimento, com as mãos a percutir, para além de serem ações de autopercepção, autoconhecimento e autocuidado, são também, um ato político. 

No campo da saúde mental, é muito importante fomentar a liberdade de corpos e vozes, não apenas nos aspectos objetivos, mas também nos aspectos criativos, imaginativos, lúdicos, e vivenciais. Para que assim, possamos ter corpos e vozes livres para fazermos o que quisermos, inclusive arte. 

Que possamos entoar com Elza Soares “me deixem cantar, até o fim, eu vou cantar”…

✍🏾 #AsMariasDaCasa
Contribuição de Kézia Paz,
musicoterapeuta do nosso corpo clínico.