Como contribuir para que todas as crianças sejam efetivamente sujeitos de direitos?

Crianças negras e indígenas são celebradas, respeitadas, cuidadas? E quanto às crianças cujas famílias estão em situação de imigração ou refúgio? E quanto às crianças trans? E quanto às crianças de religiões de matrizes africanas? E quanto às crianças nordestinas, de famílias mambembes ou ciganas? 

E quanto às crianças ditas atípicas (por serem sindrômicas, portadoras de deficiência ou portadoras de distúrbios globais do desenvolvimento)? E quanto àquelas cujas famílias estão passando fome? Ou àquelas que são ou foram vítimas de violência física e/ou psicológica, muitas vezes dentro da própria casa? Que estão em campos de refugiados, que estão abrigadas, ou que cometeram ato infracional e estão internadas na Fundação Casa? 

Gostaríamos de acreditar que todas as crianças têm seus direitos respeitados e que todas podem celebrar esse mês. Mas muitas de nossas crianças continuam à mercê de discursos, de instituições e de atitudes que as punem, que as excluem e que violam os seus direitos.

Como contribuir para que todas as crianças sejam efetivamente sujeitos de direitos? 

Ensinamos nossas crianças a terem orgulho de si mesmas? A respeitarem as pluralidades de gênero e de orientação sexual e a diversidade étnico-racial, cultural, linguística e religiosa? A serem antirracistas? A identificarem e a defenderem umas às outras contra a xenofobia? Contra a homofobia e a transfobia? Contra o patriarcado? Contra o capacitismo, o adultocentrismo e contra a intolerância religiosa? Ensinamos direitos humanos? Difundimos o ECA? Protestamos para defender que os direitos de nossas crianças sejam respeitados? Nós mesmxs respeitamos esses direitos?  

Que sejamos capazes de rever nossas ações enquanto adultxs. Que possamos nos engajar mais, proporcionar vivências, defender políticas e difundir discursos que, por um lado, empoderem crianças de grupos historicamente oprimidos e, por outro, enfraqueçam as relações de poder ligadas à gênero, raça e classe social.

✍🏾 #AsMariasDaCasa
Contribuição de Luciana Braga,
psicóloga do nosso corpo clínico.